sexta-feira, 2 de setembro de 2011

O que ainda resta.


Às vezes me lembro dele. Sem rancor, sem saudade, sem tristeza. Sem nenhum sentimento especial a não ser a certeza de que, afinal, o tempo passou. Nunca mais o vi, depois que foi embora. Nunca nos escrevemos. Não havia mesmo o que dizer. Ou havia? Ah, como não sei responder as minhas próprias perguntas! É possível que, no fundo, sempre restem algumas coisas para serem ditas. É possível também que o afastamento total só aconteça quando não mais restam essas coisas e a gente continua a buscar, a investigar e principalmente a fingir.
Fingir que encontra. Acho que, se tornasse a vê-lo, custaria a reconhecê-lo.

Caio Fernando Abreu


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